Crítica - Maria Madalena 2018
A história de uma das figuras mais enigmáticas e incompreendidas da história bíblica: Maria Madalena (Rooney Mara). Em busca de uma nova maneira de viver, contrariando as pressões da sociedade, sua família e o machismo de alguns apóstolos, a jovem pescadora junta-se a Jesus de Nazaré (Joaquin Phoenix) em sua incansável missão de propagar a fé.
Certo, o que posso falar sobre esse filme?
Ele é, obviamente, um filme de público restrito, mas não deveria. Maria Madalena tem um toque tão sutil e tranquilizador que contagiaria todas as idades. Quase todas as cenas são bastante luminosas e com vários tons claros que transmitem a espiritualidade e a calma dos personagens principais, sendo eles Rooney Mara, como Maria Madalena, e Joaquim Phoenix, como Jesus de Nazaré.
A atuação de Phoenix nos traz um Jesus humano e terreno, que também é passível a erros, ou, pelo menos, a cegueiras ocasionais, como a situação das mulheres que eram praticamente proibidas de ouvi-lo. É fácil gostar do personagem que o ator nos entrega e ainda mais fácil se conectar com ele e seu sofrimento.
Mara também nos entrega uma atuação impecável, com uma fé e espiritualidades palpáveis. Ela tem por quase rodo o filme um sorriso discreto de satisfação por seguir o que acredita e sua relação com Jesus funciona muito bem (talvez devido ao seu relacionamento com o ator que o interpreta).
Não há, já adianto, nenhum envolvimento físico ou amoroso entre Jesus e Maria Madalena no filme, apenas uma forte ligação espiritual, que os dois atores conseguiram passar para o espectador com maestria.
Apesar disso, o roteiro fraqueja na maior parte da história, não decidindo bem que caminho tomar. A questão feminina, que poderia ter sido muito explorada, é deixada de lado e apenas alguns poucos acontecimentos o registram como seria adequado. O roteiro, na verdade, tem a grave falha de mostrar os acontecimentos e passagens bíblicas de forma muito clínica, nunca entregando os sentimentos e pensamentos dos atores como um todo.
Preciso, é claro, fazer menções às maravilhosas atuações de Tahar Rahim (Judas) e Chiwetel Ejiofor (Pedro). Os dois interpretam seus personagens (pintados com uma visão muito inovadora) com muito talento. Rahim nos apresenta um Judas cego de esperança para ver a família novamente e que, por isso, segue Jesus. Ejiofor nos mostra um discípulo cego de fé, assim como Judas, mas sua fé está no próprio Jesus, não em Deus, por isso ele é representado como um soldado, pronto para lutar por seu mestre.
Nota: 8,5/10
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