Respondendo à 10 Incoerências Feministas

Há 3 semanas, uma youtuber chamada Sara Winter postou um vídeo em que cita 10 incoerências do movimento feminista. O vídeo pode ser achado por meio desse link:

https://www.youtube.com/watch?v=_tFf46QyCu0&t=439s

Como uma pessoa que consome muitos canais de informação, não pude deixar de notar que os dez tópicos são baseados em pura falta desta e, para não deixar que esse vídeo espalhe informações falsas ou mal interpretadas, eu me sinto no dever de desmenti-las.

Lembrando sempre que existem várias vertentes no feminismo e que nem todas elas pensam exatamente da mesma maneira.


  • 1° argumento: Lutam contra medidas punitivas radicais contra estupradores, mas repudiam a violência sexual.
Resposta:  O feminismo pressupõe que o homem estupra por achar ou ter aprendido que a mulher é um objeto para seu próprio prazer. Nesse caso, qualquer forma punitiva radical como castração química seria ineficaz, pois esse homem ainda não mudaria seu pensamento (e ainda poderia estuprar).

O feminismo defende que os estupradores sofram a punição adequada segundo a Constituição Federal de 1988 e que sejam reeducados para não mais pensarem do jeito que pensam.


  • 2° argumento: Se vitimizam, mas são empoderadas.
Resposta:  Ser uma vítima é o que te faz poderosa, porque se não fôssemos fortes, não poderíamos aguentar as injustiças das quais somos vítimas.

  • 3° argumento: Dizem que são a favor dos direitos humanos, mas apoiam o Islã.
Resposta:  O Islã é uma religião que não transgride os direitos humanos. Esta é uma passagem do Alcorão 4:19:

"Ó fieis, não vos é permitido herdar as mulheres, contra a vontade delas, nem as atormentar com o fim de vos apoderardes de uma parte daquilo que as tenhais dotado, a menos que elas tenham cometido comprovada obscenidade. E harmonizai-vos entre elas, pois se as menosprezardes podeis estar depreciando seres que Deus dotou de muitas virtudes."

Diferente da religião, o Estado Islâmico é um estado extremista que usa a religião como justificativa para seus atos, quando eles não têm nada a ver com religião islâmica, mas com a ambição de quem os comanda.

O feminismo apoia a religião, não o grupo extremista.


  • 4° argumento: Criticam propagandas que expõem o corpo da mulher, mas enaltecem os clipes de, por exemplo, funk.
Resposta:  Existe uma diferença entre ser um objeto e um ser sexual.

Enquanto essas propagandas transformam o corpo da mulher em um objeto de admiração (de cunho sexual) para os homens, alguns clipes, como Vai Malandra, elegem a sexualidade de mulher como algo natural.

Por exemplo, em uma propaganda de cerveja temos quatro ou mais homens conversando em um bar e uma mulher linda vestida com roupas curtas servindo-os. Na cena, os homens, a câmera e o espectador focam nos seios e na bunda dessa mulher. Ela é, então. o objeto de admiração dos homens, da câmera e dos espectadores.

Já em um clipe de funk, temos as letras:

"E gosta de fazer o tá, tá, tá, tá, tum, tum / Quicando e mostrando o poder desse bumbum."
Em "Tá, tum, tum", por Mc Kevinho feat. Simone e Simaria

"Desço, rebolo gostoso / Empino te olhando / Te pego de jeito"
Em "Vai Malandra", por Anitta, Mc Zaac, Maejor feat. Tropkillaz & DJ Yuri Martins

Nessas duas letras, a mulher aparece como uma pessoa que tem vontade de fazer sexo (ou sair para dançar, dependendo da interpretação e da música) para seu próprio prazer. Ela não é vista como um objeto para satisfazer o homem.

Obs.: vale ressaltar que nem todas as letras de funk veem a mulher como um ser, e sim como um objeto sexual. Porém, isso também acontece em outros gêneros musicais.


  • 5° argumento: Excluem a magreza e enaltecem a gordura.
Um esclarecimento para esse tópico: o argumento de Sara é que o feminismo vê apenas a magreza como um problema de saúde mental e física, sem levar em conta que a gordura também traz uma saúde complicada.

Resposta:  O feminismo visa a aceitação de todas as mulheres pelo seu biotipo, levando sempre em conta a saúde, mas alguns tipos de corpo não são considerados bonitos perante a sociedade e isso prejudica a autoestima todas as mulheres: as magras, gordas, negras, brancas, transexuais, etc.

  • 6° argumento: Querem o protagonismo feminino, mas enaltecem as mulheres transexuais, drag queens e travestis.
Resposta:  Porque elas são mulheres (se assim se considerarem).

  • 7° argumentos: Querem o mundo mais seguro para as mulheres, mas lutam contra o armamento.
Resposta: O que pode ter aqui foi uma falta de interpretação: o feminismo diz que uma mulher não deveria precisar se armar para se defender dos homens, mas precisa.

Há, inclusive, vários posts em páginas feministas que incentivam a prática de defesa pessoal e/ou outros tipos de luta e estar armada de spray de pimenta.

  • 8° armamento: Criticam as mulheres que querem ser donas de casa
Primeiramente, essas mulheres precisam se perguntar se elas querem ser donas de casa porque gostam ou porque, para elas, é uma coisa normal (não é, sério).

Caso seja a primeira alternativa, tudo bem, não há problema. Só não vamos enaltecer esse comportamento, porque ele já é esperado. 

Na segunda alternativa, tenha consciência que você não precisa fazer tudo sozinha, porque não é só você que mora na casa.

  • 9° argumento: Lutam a favor do parto humanizado, mas são a favor do aborto.
A legalização do aborto é, de fato, uma reivindicação feminista, mas não entendo como pode estar conectada ao parto humanizado. A legalização do aborto não quer dizer que todas as mulheres vão abortar, e obviamente, as que não vão, precisarão de um parto humanizado.

Alguns dados segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde):

  1. Globalmente, são 25 milhões só de abortos inseguros, que são apenas 45% dos abortos cometidos (2010-2014).
  2. De todos os casos de aborto no mundo, 97% são na América Latina, África e Ásia.
  3. Países que têm políticas restritivas em relação ao aborto tem muito mais mortes por aborto que países em que ele é legal.







  • 10° argumento: Promovem a sororidade*, mas perseguem quem é contra o movimento feminista.
Resposta: Há pessoas extremistas em todos os movimentos sociais e políticos, mas não é uma característica geral das feministas. O que não permitimos é que difamem o movimento com acusações e argumentos sem fundamento baseados em informações falsas.

*Sororidade: relação de irmandade entre as mulheres.

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